7 de mar. de 2012

Por quê, mulher?


POR QUÊ, MULHER?



Por que mulher todo mês sangra,  tem peitos que amamentam, e a barriga cheia de crianças?

Mulher tem útero, placenta, entranhas, parto, menopausa e ginecologista.

E o que é pior: tem salto alto.

Meu Deus, por que o salto alto?



Nem todas as mulheres estão reunidas, criando crianças, barrigas e cismas.

Nem todas as mulheres estão cozinhando bem.

Algumas, marginalizadas e poucas, até falam com o garçon.

Não levam pra casa, não engolem mais essa, dirigem carros, pagam contas,

criam casos e asas.



Nem todas as mulheres estão reunidas.

Algumas, espertas e loucas, gozam.



Poucas e loucas, gozam de novo, e é tão bom.

Faz bem à pele, aos cabelos, à cuca e ao coração.

Amam de graça, seja ele pobre ou doidão. Racham contas, ficam tontas de paixão.

Essa goza. A outra, não. A outra quer mesa posta, a pensão,

a mesada, o motorista, o pai e o patrão.

E um homem,  não querem não?

Tem gente que vai morrer de raiva e indignação. Pode continuar lendo.

Prometo

não tocar em masturbação.



Foi pensando nele, por incrível que pareça.

Naqueles olhos apertados, naquelas pernocas, naquele pescoção.

Ó Deus, eu vos peço perdão? Nããão, foi tão bom...

Mas eu prometi que não ia falar sobre isso.



Mulher tira filho e tira de letra? Não,

mulher  instruída vai na farmácia e compra pílulas.



A mulher está grávida. O filho não deve vir. O filho não deve ser.

O pai não sabe, se sabe. A mulher tem que agir:

trepar realmente engravida. Não é lenda. É inacreditável.

Lindo às vezes. Doloroso, às vezes. Arranca pedaços e a vida

continua. Continua?



Homem tem barba, pode ficar brocha ou careca, dá pensão alimentícia.

E sempre perde os filhos.



Está vendo aquele homem?

Faz mal para as mulheres: não telefona, mente, engana.

E ainda paquera sua melhor amiga.

Tem sempre o pau duro.

E o coração idem.



Abaixo o machismo!

Mas viva o Macho, pelo amor de Deus!





UM FEMINISMO ÀS AVESSAS

Você é um homem e não aguenta mais depender de mulher. Você gostaria de remendar suas próprias meias, criar seus próprios filhos, dialogar com eles sem intermediária, sem a mãezona-relações-públicas que tece em volta de vocês as teias de sua própria dependência. Você gostaria de falar a mesma língua da empregada e explicar a ela como seria a casa do seu jeito, você não suporta mais procurar a camisa branca, a calça marrom que estava outro dia no armário e simplesmente desapareceu ante dos seus olhos.

Mulheres de todo o mundo, achem minha camisa branca, transformem essa pilha de copos sujos de água e facas sujas de manteiga numa cozinha limpa e cheirosa onde a panela fumega apetitosa e promete alimento.

Você é um homem mas gostaria de trabalhar menos, um trabalho que não te exigisse tanto, que te deixasse um tempo livre pra ver de perto a verdadeira vida que se desenrola nos teus filhos enquanto você trabalha para o crescimento de uma empresa, chega!

Um feminismo às avessas toma conta do seu ser porque você trabalha demais e não tem vontade de voltar pra casa à noite porque a casa não é sua, é dela. É ela que sabe onde estão as coisas, como estão os filhos. É na conta bancária dela que você depositará todo mês a sua incompetente pensão de alimentos. Tudo que o mundo depositou nas suas mãos de repente ficou resumido nessa palavra triste: pagar. Você só sabe trabalhar e pagar, está revoltado com isso, com o apartamento silencioso que te espera depois da separação, com os olhos cheios dágua pela ausência das crianças, com o sanduíche comido às pressas em pé no bar da esquina, porque a mesa posta, o ressonar pacífico das crianças, tudo que preenche a solidão de uma vida entre quatro paredes acompanha a mulher, sempre acompanha a mulher, merda, você está tão desamparado e ninguém fala de você, sequer você mesmo fala de você.

(Sangria.1987)

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