POR QUÊ, MULHER?
Por que mulher todo mês sangra, tem peitos que amamentam, e a barriga cheia de crianças?
Mulher tem útero, placenta, entranhas, parto, menopausa e ginecologista.
E o que é pior: tem salto alto.
Meu Deus, por que o salto alto?
Nem todas as mulheres estão reunidas, criando crianças, barrigas e cismas.
Nem todas as mulheres estão cozinhando bem.
Algumas, marginalizadas e poucas, até falam com o garçon.
Não levam pra casa, não engolem mais essa, dirigem carros, pagam contas,
criam casos e asas.
Nem todas as mulheres estão reunidas.
Algumas, espertas e loucas, gozam.
Poucas e loucas, gozam de novo, e é tão bom.
Faz bem à pele, aos cabelos, à cuca e ao coração.
Amam de graça, seja ele pobre ou doidão. Racham contas, ficam tontas de paixão.
Essa goza. A outra, não. A outra quer mesa posta, a pensão,
a mesada, o motorista, o pai e o patrão.
E um homem, não querem não?
Tem gente que vai morrer de raiva e indignação. Pode continuar lendo.
Prometo
não tocar em masturbação.
Foi pensando nele, por incrível que pareça.
Naqueles olhos apertados, naquelas pernocas, naquele pescoção.
Ó Deus, eu vos peço perdão? Nããão, foi tão bom...
Mas eu prometi que não ia falar sobre isso.
Mulher tira filho e tira de letra? Não,
mulher instruída vai na farmácia e compra pílulas.
A mulher está grávida. O filho não deve vir. O filho não deve ser.
O pai não sabe, se sabe. A mulher tem que agir:
trepar realmente engravida. Não é lenda. É inacreditável.
Lindo às vezes. Doloroso, às vezes. Arranca pedaços e a vida
continua. Continua?
Homem tem barba, pode ficar brocha ou careca, dá pensão alimentícia.
E sempre perde os filhos.
Está vendo aquele homem?
Faz mal para as mulheres: não telefona, mente, engana.
E ainda paquera sua melhor amiga.
Tem sempre o pau duro.
E o coração idem.
Abaixo o machismo!
Mas viva o Macho, pelo amor de Deus!
UM FEMINISMO ÀS AVESSAS
Você é um homem e não aguenta mais depender de mulher. Você gostaria de remendar suas próprias meias, criar seus próprios filhos, dialogar com eles sem intermediária, sem a mãezona-relações-públicas que tece em volta de vocês as teias de sua própria dependência. Você gostaria de falar a mesma língua da empregada e explicar a ela como seria a casa do seu jeito, você não suporta mais procurar a camisa branca, a calça marrom que estava outro dia no armário e simplesmente desapareceu ante dos seus olhos.
Mulheres de todo o mundo, achem minha camisa branca, transformem essa pilha de copos sujos de água e facas sujas de manteiga numa cozinha limpa e cheirosa onde a panela fumega apetitosa e promete alimento.
Você é um homem mas gostaria de trabalhar menos, um trabalho que não te exigisse tanto, que te deixasse um tempo livre pra ver de perto a verdadeira vida que se desenrola nos teus filhos enquanto você trabalha para o crescimento de uma empresa, chega!
Um feminismo às avessas toma conta do seu ser porque você trabalha demais e não tem vontade de voltar pra casa à noite porque a casa não é sua, é dela. É ela que sabe onde estão as coisas, como estão os filhos. É na conta bancária dela que você depositará todo mês a sua incompetente pensão de alimentos. Tudo que o mundo depositou nas suas mãos de repente ficou resumido nessa palavra triste: pagar. Você só sabe trabalhar e pagar, está revoltado com isso, com o apartamento silencioso que te espera depois da separação, com os olhos cheios dágua pela ausência das crianças, com o sanduíche comido às pressas em pé no bar da esquina, porque a mesa posta, o ressonar pacífico das crianças, tudo que preenche a solidão de uma vida entre quatro paredes acompanha a mulher, sempre acompanha a mulher, merda, você está tão desamparado e ninguém fala de você, sequer você mesmo fala de você.
(Sangria.1987)
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