6 de mar. de 2012

Geribá. Anos Oitenta

Geribá tem pôr-de-sol vermelho cintilante
que não morre entre edifícios.
E tem lua que a gente continua vendo
mesmo depois da curva.
E tem estrela cadente, e não tem pedido,
mas tem pedras no fundo do mar, que a gente vê.
Tem pastel de banana, e buraco na estrada, e caminho.
Tem verão e vodka,
e crianças que me ensinaram o atalho dos tamarindos.
Geribá tem carona e vizinho,
que a gente cochila na casa dele.
Tem dona Virgulina e seu Darci,
pipadágua, bombadágua, água fria, poça,
areia no lençol e vento.
E cachorro solto , e carrapicho e farpa.
E ouriço. E concha, e marimbondo e maré baixa e música.
Geribá tem meu pedaço menino
 — que esqueceu de crescer — que brinca.
Tem meu pedaço de mulher descalça,
que só usa short e saia.


Gloria fumando no sol ao meio-dia


(Mil novecentos e antigamente) (Do livro:Sangria, GH)

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